Roberto Menescal Batalha (Vitoria, 25 de outubro de 1939). Instrumentista (violonista), arranjador, compositor, produtor musical.
Criado em Copacabana, Rio de Janeiro, teve suas primeiras orientações musicais em 1950, ao estudar piano com sua tia, Irma Menescal. Em 1954 ouviu pela primeira vez o som de um violão, decidindo-se definitivamente por este instrumento, iniciou-se como autodidata e depois teve aulas com Edinho, do trio Irakitan. Estudou, harmonia e contraponto, com os maestros Guerra Peixe e Moacir Santos.
Iniciou sua carreira profissional em 1957, acompanhando a cantora Sylvinha Telles, com a qual realizou turnê de shows por todo país. Foi um dos fundadores do movimento bossa nova e professor de nara leão, de quem se tornou amigo e passou a organizar com ela encontros para reunir a turma no apartamento da cantora, na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Os encontros reuniam, toda noite, aqueles que seriam os principais nomes da bossa nova, compositores como: Tom Jobim, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, e outros, Nara Leão foi escolhida a "musa da bossa nova". Eles foram fazendo músicas que se tornaram hinos do movimento e da própria música brasileira.
Em 1958, abriu uma academia de violão no bairro de Copacabana (RJ), em sociedade com Carlos Lyra, também no mesmo ano formou, juntamente com Luiz Carlos Vinha, Bebeto, Henrique e João Mário, o conjunto Roberto Menescal, com o qual atuou com diversos artista como Sylvinha Telles, Maysa, Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Aracy de Almeida e Billy Blanco, entre outros. Ainda nesse ano, apresentou-se, ao lado de Sylvinha Telles, Carlos Lyra e vários outros artistas, no clube Hebraica, em show considerado um dos primeiros registros da bossa nova.
Em 1959, participou do I Festival de Samba-Session, realizado no Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, teve pela primeira vez registrada uma canção de sua autoria, "Jura de pombo" (c/Ronaldo Bôscoli) http://www.youtube.com/watch?v=NzskC9NbfBo, em disco de Alaíde Costa.
No início da década de 1960, destacou-se como compositor, criou canções que hoje são consideradas hinos da bossa nova e da própria música popular, com sua música "O barquinho" (c/ Ronaldo Bôscoli) http://www.youtube.com/watch?v=hrrmxFKl_a0, gravada por Maysa, Pery Ribeiro, Paulinho Nogueira e vários outros intérpretes. Essa canção, emblemática em sua carreira, tornou-se um clássico da bossa nova, ao lado de outras de sua sua parceria com Ronaldo Bôscoli, como " Ah, se eu pudesse" http://www.youtube.com/watch?v=joXWkalvnBU, "Errinho à tôa http://www.youtube.com/watch?v=srRZwc6rPUQ" , "Nós e o mar" http://www.youtube.com/watch?v=_irRr_qsf4w , "Rio" http://www.youtube.com/watch?v=d7LbG_ExRVk , "Você" http://www.youtube.com/watch?v=vUo1Q7XQiqg e "Vagamente" http://www.youtube.com/watch?v=5FGzNC3u4ys, pra citar algumas. As canções quase sempre apresentam o mar como temática.
Em 1962, acompanhou Maysa em turnê pela Argentina. Com seu conjunto, foi contratado pela TV Rio, ainda nesse ano, para acompanhar cantores em programas da emissora, trabalho que exerceu durante dois anos. Participou, ainda em 1962, do histórico Festival de Bossa Nova, realizado no Carnegie Hall de Nova York (EUA), ao lado de vários artistas como Tom Jobim, Carlos Lyra, Sérgio Ricardo, Chico Feitosa e outros.
Lançou, na década de 1960, os LPs "Bossa session" (1964), com Sylvinha Telles e Lúcio Alves, "Bossa nova - Roberto Menescal e seu Conjunto" (1966), "A bossa nova de Roberto Menescal" (1968) e "O Conjunto de Roberto Menescal" (1969).
De 1964 a 1968, atuou com arranjador, escrevendo para orquestras. A convite de André Midani, começou a trabalhar como produtor independente e arranjador na PolyGram. (atualmente Universal Music). Em 1968, apresentou-se, com Elis Regina, no Mercado Internacional de Disco e Editores Musicais (Midem), realizado em Cannes (França) e em seguida excursionou com esse show por toda Europa.
Assumiu, em 1970, a direção artística da gravadora PolyGram. Nessa função, foi responsável por discos de artístas como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia, MPB-4, Quarteto em Cy, Jorge Ben (Jorge Benjo) e vários outros.
Como instrumentista, atuou em gravações com Sylvinha teles, Jair Rodrigues, Elis Regina, Gal Costa, Lúcio Alves, Beht Carvalho, Maysa, Claudette Soares e Nara Leão, entre outros.
Como compositor, fez trilhas sonoras para várias novelas. Também compôs para o cinema, com participação nas trilhas sonoras dos filmes "Bye bye Brasil" http://www.youtube.com/watch?v=1HnAs3aQalI, para o qual compôs a música-título (c/ Chico Buarque) e "Joana Francesa", ambos de Caca Diégues, além de "Vai trabalhar vagabundo" de Hugo Carvana.
Em 1985, retomou sua carreira de instrumentista, acompanhando Nara Leão em apresentações no Brasil e no exterior. Ainda nesse ano, lançou, com a cantora, o LP "Um cantinho, um violão - Nara leão e Roberto Menescal". O disco foi lançado no Japão.
Em 1986, decidiu deixar o cargo de diretor artístico da PolyGram para dedicar-se exclusivamente à sua carreira de violonista, arranjador e compositor.
No início da década de 1990, gravou os discos "Roberto Menescal" (1991), "Ditos & Feitos" (1992) e, com Wanda Sá, "eu e a música" (1995).
Fundou, em 1997, a produtora e gravadora Albatroz. Nesse ano, apresentou-se no Mistura Fina (RJ), ao lado de Wanda Sá e Miéle.
Lançou, em 1998, o CD "Estrada Tokyo-Rio", com Wanda Sá,e , dois anos depois, o CD "Bossa evergreen".
Em 2001, participou, ao lado de Marcos Valle, Wanda Sá e Danilo Caymmi, do Fare Festival, realizado em Paiva (Itália) pela Societá dell'Academia, em colaboração com a prefeitura da cidade.. Nesse mesmo ano, gravou, com Wanda Sá e Marcos Valle, o CD "Bossa entre amigos". Ainda em 2001, gravou, com o grupo Bossacucanova, o CD "Brasilidade".
Em 2003, lançou, com Cris Delanno, o CD "Eu e Cris"
Em 2005, estreou o documentário "Coisa mais linda" - "Histórias e casos da bossa nova", de Paulo Thiago, que contou com sua participação, ao lado de Carlos Lyra, na condução da narrativa. Também nesse ano, gravou, com Wanda Sá, o CD "Swingueira" .
Em 2007, lançou ao lado de Wanda Sá o DVD "Swingueira". No dia 20 de março desse mesmo ano, foi homenageado pelo instituto Cultural Cravo Albin na série "Sarau da Pedra".No evento, foi afixado no Mural da Música do instituto, diante da presença de várias personalidades da cena cultural carioca, uma placa com seu nome, a ele dedicada pela relevância de sua obra musical.
Em 2008, participou, como instrumentista e co-diretor musical, do espetáculo "Bossa nova 50 anos". realizado na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro", show em comemoração aos 50 ano da bossa nova e também celebrando o aniversário da cidade do Rio de Janeiro. Também nesse mesmo ano, lançou, com João Donato, Carlos Lyra e Marcos Valle, o CD "Os Bossa Nova" uma coletânea de sucessos da bossa nova,, contendo duas canções suas em parceria com Ronaldo Bôscoli: "Vagamente" e "Balansamba" .
Em 2010, lançou, em parceria com Wanda Sá, o CD "Declarações". O CD teve show de lançamento no Espaço Tom Jobim (RJ). Nesse mesmo ano, foi lançado o livro "O Barquinho vai... - Roberto Menescal e suas histórias" (Irmãos Vitale), de autoria de Bruna Fonte, com noite de autógrafos na Modern Sound (RJ).
Em 2011 lançou com Andy Sammers, o DVD "United Kingdom of Ipanema". Nesse mesmo ano, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o Selo áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, e, 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos "MPB 100 ao vivo" realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 6 da caixa, com sua canção "O barquinho" (c/Ronaldo Bôscoli), na voz de Alaíde Costa. Apresentou-se, ainda m 2011, no espaço Oi Futuro (RJ), pelo projeto "A Bossa do Samba", concebido e dirigido por Solange Kafuri.
Por Teo Miro
Fontes:
Albin, Ricardo Cravo. "Dicionário Houaiss Ilustrado [da] Música Popular Brasileira.
Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova
Biografia de Roberto Menescal para o Museu da Televisão Brasileira